Quantas vezes já acordou e pensou: “mais um dia…”?
Saiu da cama e, em piloto automático, foi sugado para a correria de mais uma semana.
Prepara o pequeno-almoço, leva os miúdos à escola, atravessa a cidade em hora de ponta e ainda assim, consegue chegar ao escritório a tempo. Espera-o um dia cheio de reuniões, decisões para tomar e prazos para cumprir. Sai do trabalho, corre para casa, e neste percurso o pensamento foge para as tarefas que ficaram pendentes e precisa de terminar.
Despacha o jantar e ainda tem uns minutos para pegar no computador. Pressionado pelo adiantar da hora, deita a cabeça na almofada e entra na espiral antecipatória de organizar a reunião da manhã seguinte.
Agora imagine esta rotina aplicada a todos os dias. Esgotante, certo?
Apresento-lhe o burnout.
O burnout define um estado de exaustão física, mental e emocional crónico, resultante da uma exposição prolongada a situações de stress e a uma consequente falta de competências emocionais para lidar com o mesmo, frequentemente associado a contextos de trabalho. A nível sintomatológico, manifesta-se de variadas formas:
- Sintomas físicos: cansaço profundo (mesmo após períodos de descanso); tensão muscular; insónias; enxaquecas; alterações no apetite, dores de cabeça, alterações gastrointestinais, taquicardia.
- Sintomas Emocionais: apatia; desmotivação; tristeza; ansiedade; humor deprimido; irritabilidade; despersonalização.
- Sintomas Cognitivos: dificuldade em começar ou manter a concentração em tarefas; menor criatividade; ruminação negativa; hipervigilância.
- Sintomas Sociais: isolamento social; maior reatividade; pode representar um período de maior tendência para consumo de substâncias como álcool, tabaco e drogas.
Embora o burnout partilhe semelhanças com outros estados de stress e fadiga, ele diferencia-se na sua duração e função. Enquanto, por exemplo, o stress representa uma resposta temporária a situações desafiantes, e serve em determinados contextos, uma função adaptativa, o burnout é um estado de exaustão persistente e disfuncional, prejudicando significativamente a saúde física e mental de uma pessoa.
Curiosamente, Portugal destaca-se como um dos países da Europa onde os trabalhadores correm maior risco de sofrer burnout, sendo que cerca de 80% apresentam, pelo menos, um sintoma associado (Laboratório Português dos Ambientes de Trabalho Saudáveis, 2023).
A prevenção deve ser uma prioridade neste tema, tanto para os colaboradores como para as empresas. Algumas estratégias são fundamentais para diminuir o risco de exaustão:
- Estabelecer limites entre a vida profissional e a vida pessoal – promovendo um equilíbrio entre o tempo gasto na execução de tarefas e responsabilidades e o tempo gasto em atividades de lazer e autocuidado;
- Procurar uma rede de apoio – partilhar preocupações e situações de stress com pessoas importantes ajuda numa gestão emocional mais eficaz);
- Priorizar tempo para pausas e descanso;
- Treino de técnicas de gestão de stress;
- Definição de metas alcançáveis.
Neste sentido, o grupo terapêutico “Ansiedade e Stress” irá ajudá-lo a rever as suas rotinas e padrões de comportamento disfuncionais, priorizando a adoção de hábitos mais saudáveis e ajustados aos desafios do dia-a-dia.
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