Porque é que fazer testes online sobre personalidade é tão irresistível?

“Em que cidade deveria morar?”; “Qual a personagem de “Star Wars” você é?”; “O que é que a sua forma de falar diz sobre si?” Quem nunca se deparou com um teste deste género? Ou viu outros fazerem-no?

De facto, os testes de personalidade estão em todo o lado. Porque é que os achamos tão divertidos, mesmo quando o senso comum nos diz que a veracidade de alguns dos resultados provavelmente não é fiável? Por um lado, podemos dizer que são uma forma divertida de passar tempo, no entanto, existem estudos que sugerem que é um pouco mais do que isso. Robert Simmermon, Ph.D., psicólogo em Atlanta Ga, especialista em psicologia dos media, diz: “Eu acho que é divertido, mas acho que também toca em algo sobre o nosso próprio sentido da nossa história. Acho que, de facto, leva-nos a um sentido da psicologia narrativa.”

A teoria da psicologia narrativa diz-nos que, enquanto pessoas, damos sentido às nossas vidas ao organizar os eventos em histórias que se encaixam ao longo do tempo, criando, assim, as nossas próprias “biografias” para explicar quem somos e de onde vimos. “Essas histórias entram na nossa própria narrativa em desenvolvimento e dá-nos credibilidade como heróis da nossa própria história”, refere o psicólogo.

Além de que, explica ele, os testes de personalidade dão a “ilusão de autenticidade”, já que essas avaliações podem oferecer uma oportunidade de reafirmar os julgamentos que já fizemos sobre nós mesmos. “Reforça um sentido de nós mesmos, tenha alguma legitimidade ou não.”

Steven Meyers, Ph.D., professor de Psicologia da Universidade Roosevelt em Chicago, Illinois, refere que, além disso, as pessoas estão sempre à procura de espaços para a autoconsciência, “poderíamos fazer exercícios de introspecção e pensar em nós próprios, no entanto, isso tem os seus limites. Quando fazemos estas auto-avaliações, elas dão-nos um outro espelho interno.”

Como pessoas, tendemos a colocar-nos três questões, de forma a darmos sentido às nossas vidas: Quem sou eu? O que é que os outros pensam de mim? Quem gostaria de ser? “Estes testes, especialmente quando partilhamos os resultados online, permitem-nos pensar em todas estas perguntas de forma divertida”, refere o professor.

A dimensão adicional desta iteração é a mediasocial, à medida que vamos publicando os resultados e aguardamos feedback dos amigos e seguidores. Meyers acredita que muitas pessoas se perguntam o que é que os outros pensam delas próprias, sendo esta uma forma inocente e não ameaçadora de o descobrir.

No entanto, os resultados dos testes que vemos no Facebook ou em outros sites populares, muitas vezes, têm apenas o valor de entretenimento e não apresentam qualquer valor científico.

A Oficina de Psicologia oferece vários testes psicológicos onlinepara que possamos aprender mais sobre nós, para obter respostas, de forma a que possamos tomar decisões informadas. Não é demais referir que: nenhum teste isolado permite fazer diagnósticos ou dar-lhe respostas definitivas. Como seres humanos que somos, somos demasiado complexos para que isso possa ser feito sem a presença de um profissional de saúde qualificado que nos entreviste em profundidade e coloque em contexto as nossas respostas. Por isso, se existe alguma coisa que o ande a preocupar, ou para a qual não encontre uma boa justificação, não hesite em marcar consulta.